segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Atriz acariense vai atuar na próxima novela da Globo

Titina Medeiros será uma das apostas de "Marias do Lar", a próxima novela das sete na Rede Globo, cuja personagem terá um pé na vilania, mas também irá enveredar pelo humor.
Jornalista diplomada e atriz de teatro, Isabel Cristina de Medeiros ou Titina Medeiros como é conhecida no meio artístico, já trabalhou na afiliada da Rede Globo no RN, na então TV Cabugi, onde participou em um quadro do programa “Brasil Legal”, apresentado por Regina Casé.

Entrevista feita pelo jornalista Roberto Homem para o jornal Zona Sul, de Natal


Titina Medeiros

CONTRACENANDO COM A VIDA E VIVENDO DE ARTE
A acariense Titina Medeiros nasceu Isabel Cristina de Medeiros, em Currais Novos. Atriz, palhaça e jornalista, ela esteve recentemente em Brasília encenando o espetáculo “A mulher revoltada”, produzido pela Fomenta. A peça faz parte do projeto do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) “Novas Dramaturgias Brasileiras”. Na véspera de retornar à Natal, Titina concordou em falar para o Zona Sul. Em pouco mais de uma hora ela fez um resumo de sua trajetória, falou sobre sonhos e planos e também cobrou do Poder Público mais atenção com a arte potiguar. Vale a pena acompanhar o que Titina tem para dizer. (robertohomem@gmail.com)


ZONA SUL – Você nasceu em Currais Novos, apesar de se considerar acariense...
TITINA – Só nasci em Currais Novos, mas sou de Acari. A verdade é a seguinte: minha mãe estava decidida a fazer ligadura de trompas no meu parto. Tive que nascer em Currais Novos porque não tinha essa cirurgia em Acari.
ZONA SUL – O que seus pais faziam?
TITINA – Meus pais eram comerciantes. Minha mãe, além disso, era professora do estado. Quando iniciou a carreira, eu ainda não tinha nascido. Ela lecionou no Mobral, depois atuou no supletivo. Ela ensinava o que se refere à sétima e oitava séries.
ZONA SUL – Qual o tipo de comércio da família?
TITINA – Meu pai tinha uma bodega. Minha mãe bordava e preparava doces, bolo e dindim para vender na bodega.
ZONA SUL – Qual o nome dos seus pais?
TITINA – Maria Isabel de Medeiros e Francisco Torres de Medeiros.
ZONA SUL – Quais suas primeiras lembranças da vida?
TITINA – Lembro de tudo: da rua da Matriz, onde fui criada; dos riscos das calçadas; dos vizinhos; das brincadeiras... As brincadeiras eram sazonais, dependendo da estação do ano, elas eram as mesmas. Tinha a época da corda, a do elástico, da academia, da barra-bandeira, da bila – que em Brasília chama bola de gude e em Natal é conhecida como biloca... Também brincávamos de “tô no poço”, queimada e de contar história de assombração quando faltava energia. Tenho um imaginário infantil muito fértil e devo isso a Acari. Adorava tomar banho no rio ou no açude e passar férias na zona rural. Para a minha profissão, tudo isso foi uma herança valiosa. Fui uma menina que estava o tempo todo na rua.
ZONA SUL – E as brincadeiras de boneca?
TITINA – Vixe, também brinquei muito! As brincadeiras pareciam novelas. Na minha casa e na das outras amigas tinha um quarto no quintal. Lá a gente criava as famílias das bonecas. Eu não tinha barbies, mas também não era como a minha mãe, que dizia que brincava com sabugo de milho. Não fui dessa fase, mas na minha época qualquer ursinho virava o pai. A gente emendava caixas de fósforo para fazer sofá. Customizava, o sofá ficava lindo. A gente construía núcleos familiares que tinham nomes. Essas casas de boneca ficavam armadas nos quartos dos quintais. Ninguém mexia, e era como se fossem cidades.
ZONA SUL – A brincadeira era por capítulos, como nas novelas?
TITINA – Completamente por capítulos. E mais, elas duravam como as novelas. Sofríamos a influência da televisão da década de 1980. As histórias eram criadas no improviso.
ZONA SUL – A novela influenciava na história, no enredo da brincadeira?
TITINA – Não me lembro de ver um assunto na novela e ele passar para a brincadeira de boneca. Mas, com certeza, influenciava. Até homossexualismo era assunto.
ZONA SUL – Você assistiu muita TV?
TITINA – Eu achava que tinha assistido, mas cheguei à conclusão de que não. Tenho convivido com uns amigos que sabem tudo de televisão. E eu não assisti a muitos dos programas que eles comentam. A rua tomava muito mais do meu tempo. Lembro de algumas novelas: “A gata comeu”, “Pão pão, beijo beijo”, “Vale tudo”, “Dona Beija”, “Que rei sou eu”, “Rainha da sucata”, “Ti-ti-ti”. Hoje tenho uma péssima relação com a televisão. Chego a passar meses sem ligá-la. Sou hiperativa: descobri que tenho dificuldade de parar e assistir. Até a Xuxa, de quem eu gostava quando tinha nove anos, eu larguei muito rápido: quando completei onze.
ZONA SUL – Algum ator ou atriz lhe chamou atenção nessa época?
TITINA – Nessa época eu não pensava em ser atriz. Mas fui fã de Lucinha Lins por causa daquele programa “Pirlimpimpim”. Você vai se surpreender, mas fui fã mesmo, aos nove anos de idade, de Maria Bethânia. Sabia cantar todas as músicas. Eu tinha uma relação muito mais forte com a música do que com a telenovela.
ZONA SUL – Você teve oportunidade de conhecer o teatro na sua fase de colégio?
TITINA – Não. Só conheci o teatro aos 16 anos. Não me alfabetizei na escola, mas no sítio de minha tia Luzia, aos cinco anos. Ela tinha uma biblioteca em casa e era diretora da escola do sítio. Tive acesso a livros na casa dela. Aprendi a ler e a nadar no sítio dessa minha tia. Estudei em Acari até a terceira série em uma escola perto da minha casa. Na quarta série fui estudar em Currais Novos. Minha primeira escola foi a Escola Estadual Tomaz de Araújo. Depois fui para uma escola particular, o Educandário Jesus Menino.
ZONA SUL – Você foi uma boa aluna?
TITINA – Fui boa aluna em algumas disciplinas, como literatura, geografia, história e as relacionadas à comunicação e expressão. Nas matérias da área de exatas, sempre tive dificuldades e costumava ficar em recuperação. Apesar de tímida, sempre fui de extremos: muito calada em alguns lugares, hiperativa em outros. Eu conversava muito e sempre sentei no fundão.
ZONA SUL – Quando você foi a Natal pela primeira vez?
TITINA – Comecei a ir a Natal cedo. Meus avós e alguns primos moravam lá. Lembranças infantis de Natal tenho da praia de Ponta Negra. Depois disso lembro que passei a veranear na praia de Búzios, já com dez anos. Mesmo morando em Acari, aos 12 anos eu já pegava ônibus em Natal.
ZONA SUL – Na época de colégio em Acari você imaginava o que para o seu futuro?
TITINA – Eu queria ser musicista e também imaginava algo relacionado à comunicação, como jornalismo. Sempre gostei de notícia. Aos 11 anos entrei na Banda Filarmônica Maestro Felinto Lúcio Dantas, de Acari, para estudar trompete. Eu queria ser trompetista. Aos 15 anos fui morar em Parnamirim durante um ano. Em seguida voltei para Acari e reingressei na banda. Só depois, quando fui morar em Natal para fazer o segundo grau, conheci o teatro.
ZONA SUL – Em qual circunstância se deu essa mudança para Natal?
TITINA – Minha mãe já morava lá. Meu pai morava em Acari. Eles não eram separados, mas meu pai, nessa época, era vereador em Acari e morava na cidade. Eu não gostava de Natal.
ZONA SUL – Por que?
TITINA – Em Acari eu morava numa casa imensa e estudava em uma escola linda e maravilhosa. 


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