Depois da folia de momo, a cidade antes abarrotada de visitantes turistas, cai num grande vazio ao voltar à sua aparente normalidade.
A ressaca que fica não é apenas a fadiga causada pela exaustão física dos foliões. Muito além dos exageros praticados por jovens levados pela “onda” do modismo, prevalece a preocupação da sociedade que padece ante a falta de respeito e de estrutura numa festa de elevadas proporções.
O que se observa?
A cidade se comprime. As residências superlotam; faltam pousadas, hotéis e restaurantes; as artérias se estreitam e ficam interditadas ao serem tomadas pelo fluxo desordenado de veículos; não há estruturas sanitárias adequadas nos espaços reservados à folia; a coleta ineficiente dos resíduos sólidos - insuficiente em tempos normais, colabora com a poluição, causando sérios riscos à saúde; a exploração comercial é notória (locação de imóveis, transporte, alimentação, serviços); além da exploração sexual e prostituição de menores.
Até quando conviver com a mesmice?
A falta de criatividade reina no carnaval caicoense.
Alguns se beneficiam utilizando precárias estruturas.
Não se planeja.
Fala-se inclusive ser o terceiro maior do nordeste. Será?
Por fim, o lixo musical que contagia a juventude contamina sem compaixão os ouvidos mais apurados daqueles que apreciam, ou melhor, apreciaram um bom repertório carnavalesco. As tradicionais marchinhas, o frevo e outros gêneros memoráveis estão ficando cada vez mais distantes da mídia moderna. Assim, não há duvidas... Caicó caminha deveras, para uma “CIDADE DE AXÉ E DE AGONIA”!
Sou do tempo do corso e dos blocos fantasiados; dos bailes tradicionais; do “Bloco do Lixo” de Pedro Mala Véia e sua burra de padre, de Chagas e sua calunga; dentre outros personagens;
Saudades! Muitas Saudades!
Aqui, jaz, meu saudoso carnaval.
10 de março de 2011
Djalma Mota
Poeta/Radialista.
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